segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Crianças e adolescentes da Vila Emater descobrem o poder do teatro
16 de Julho de 2012 • 13h13 | atualizado às 19h22
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Roberto Amorim

Na rua que dava acesso ao antigo lixão de Maceió, no Sítio João Jorge, a empreitada artística da ONG Sua Majestade O Circo ganhou o reforço do experiente ator Alderi Souza.
 
Há cerca de três meses, ele é o responsável pelas aulas de teatro para crianças e adolescentes da Vila Emater, que vivem à margem da cultura produzida em chão alagoano.

O
 mais. al foi registrar momentos dessa experiência e encontrou um cenário quase mágico. Os problemas com falta de estrutura, cenário improvisado e figurino surrado desaparecem diante da imensidão do encantamento dos alunos recém-iniciados nas artes cênicas.

A alegria é contagiante e começa na escolha das roupas, maquiagem e exercícios corporais antes do ensaio. Inquietos, um cuida do outro nas tarefas necessárias para se transformarem em ator e atrizes durante as tardes das segundas e quartas-feiras.

O palco é o cimento do quintal. Um grande tecido vermelho transforma o muro em cenário de cor única. Pronto. Está pronto o teatro para os jovens artistas que nunca tiveram dinheiro para entrar numa casa de espetáculos da cidade onde nasceram e estão crescendo. É muito provável que seus pais também compartilhem essa exclusão cultural.

Muitos ainda têm dificuldade para ler o texto simples construído pelo professor. Mas ninguém desiste. “Quem ainda não sabe ler direito, a gente ajuda a decorar as falas. Somos um grupo”, afirma Carlos Alberto, 14 anos, o mais velho da trupe e espécie de assistente do professor.

É dele as primeiras fala do espetáculo que conta a chegada dos artistas da trupe Sua Majestade O Circo na cidade - numa clara homenagem a Peró de Andrade, fundadora da ONG que está afastada das atividades por problemas de saúde.

Autoestima e senso crítico

Paciente e zeloso com os novos atores, Alderi Souza não esconde a alegria da empreitada. Como funcionário da secretaria municipal de Assistência Social, ele teve experiência similar no PET (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) do bairro do Benedito Bentes.

“Aqui muitos já tem experiência a arte circense, ajudando nas atividades teatrais. Estamos no estágio inicial, com o tempo iremos discutir e montar espetáculos que falem das questões sociais vividas por eles para tomada de consciência e desenvolvimento da autoestima e do senso crítico”, conta Alderi, com a segurança de quem transita nos palcos há mais de 20 anos.

Nos planos dele estão apresentações do grupo em escolas do bairro e outros espaços democráticos. Assistir a um espetáculo nos principais palcos da cidade também é tarefa indispensável. “Para continuar, eles precisam reconhecer que o teatro faz parte do processo de crescimento e cidadania das pessoas”.

Carlos Robert , de oito anos, não tem dúvidas das palavras do professor. Atento, ele conta que está adorando fazer teatro, pois está pensando mais nas “coisas da vida e aprende a criar brincando”.
 

Ao acabar de falar, é aplaudido pelos colegas Galberto, Carlos, Gabriel e Erik. Terminada a entrevista, eles voltam ao ensaio no teatro do quintal com o mesmo entusiasmo dos artistas que voltam ao palco para receber os aplausos de uma calorosa plateia de pé.

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